quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Concretismo

Não quero mais nada (só você)



Não quero escrever poesia


Não quero mais ser poeta


Poeta sofre demais


Não quero mais sofrer


Não quero mentiras


Nem verdades doloridas


Quero silêncio


Não quero mais!


Traga-me os sorrisos


Não me trague com um sorriso falso


Deixe-me em paz


Mas não me deixe



Manuel Bandeira

Desencanto (Manuel Bandeira)

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.


Arte de Amar (Manuel Bandeira)

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Modernismo

POEMA DE SETE FACES

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na somvra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.



Sagarana



Sagarana;


Sagarana reúne nove contos nos quais estão presentes os temas básicos de João Guimarães Rosa: a aventura, a morte, os animais forizados em gente, as reflexões subjetivas e espiritualistas. Cinco deles - O burrinho pedrês, Duelo, São Marcos, A hora e a vez de Augusto Matraga e Corpo fechado - trazem para os sertões de Minas Gerais peripécias de antigas histórias épicas ou heróicas. O lirismo dos temas do amor e da solidão transparece em Sarapalha e Minha gente. Em A volta do marido pródigo há uma espécie de heroísmo gaiato, enquanto que as reflexões sobre o poder e a fraqueza centralizam-se em Conversa de bois.

O narrador dos contos de Sagarana muitas vezes caracteriza como folclóricas as histórias que conta, inserindo nelas quadrinhas populares e dando-lhes um tom épico e/ou de histórias de fada. Por exemplo, temos o Era uma vez que inicia o conto O burrinho pedrês [Era um burrinho pedrês]. Neste conto, assim como em Conversa de bois e em A volta do marido pródigo, os animais se transformam em heróis, questionando o saber dos homens com o seu suposto não saber.

A onisciência do narrador dos contos em terceira pessoa [O burrinho pedrês, A volta do marido pródigo, Sarapalha, Duelo, Conversa de bois e A hora e vez de Augusto Matraga] é propositalmente relativizada, dando voz própria e encantamento às narrativas e acentuando sua dimensão mítica e poética. Percebemos, ainda, a alternância de focos narrativos no diálogo de instrumentos - uma clarineta insinuante, fanhosa e meio fraca [associada ao personagem Turíbio] e uma tuba solene, penetrante, mas arquejando pelo esforço [associada ao personagem Cassiano] - em Duelo. Em Sarapalha, o contraponto de tempos verbais, passado e presente - o passado relacionado à impotência e à saudade da esposa de um dos protagonista, o presente ao momento da doença vivido pelos dois primos - contribui para reforçar a atmosfera de dor e isolamento, de claustrofobia, em que se encontram os personagens.

Nos contos em primeira pessoa - São Marcos, Minha gente, Corpo fechado - evidencia-se o universo primitivo e fantástico de Guimarães Rosa. O personagem-narrador de São Marcos, por exemplo, se diz avesso à feitiçaria e às outras artes mas se refere a elas constatemente e as acaba utilizando. Outro exemplo é o matuto Manuel Fulô, de Corpo fechado, que conta as suas histórias do sertão ao homem da cidade [como Riobaldo, em Grande sertão: veredas].

Finalmente, em Minha gente, um dos contos mais bem tramados do livro, a história principal é emendada, alterada, recontada por pequenos detalhes e elementos dados pouco a pouco ao leitor. O foco narrativo ilumina os passos do protagonista, mas também revela certas sutilezas que servem para esclarecer o sentido mais profundo da história. Há uma partida de xadrez, narrada no início, que mostra como se deve entender o enredo em si: um xeque, dado pelo protagonista, acaba se virando contra ele próprio. Assim, a narração insinua ao leitor que as aparências dos fatos escondem, mais que revelam, sua verdadeira intenção.

Repletos de histórias dentro de histórias, de digressões filosóficas e de monólogos interiores que desvendam o universo dos homens, dos bichos e das cisas, os contos de Sagarana nos permitem uma espécie de ritual de iniciação, ao longo da leitura. Esta iniciação ocorre se conseguirmos compreendê-los em sua simbologia, na cosmovisão alógica, mágica, mítica e poética que humaniza em sentido profundo os protagonistas - aparentemente apenas sertanejos dos Gerais - e universaliza o sertão. O sertão é o mundo, diz o Riobaldo de Grande sertão: veredas.


João Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa


"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens."

BIBLIOGRAFIA:


- Magma (1936), poemas. Não chegou a publicá-los.

- Sagarana (1946), contos e novelas regionalistas. Livro de estréia.

- Com o vaqueiro Mariano (1947)

- Corpo de Baile (1956), novelas. (Atualmente publicado em três partes:

- Manuelzão e Miguilim,
- No Urubuquaquá, no Pinhém e
- Noites do sertão.)

- Grande Sertão: Veredas (1956), romance.

- Primeiras estórias (1962), contos.

- Tutaméia:Terceiras estórias (1967), contos.

- Estas estórias (1969), contos. Obra póstuma.

- Ave, palavra (1970) diversos. Obra póstuma.



''O mundo é mágico.
As pessoas não morrem, ficam encantadas.'' (J. Guimarães Rosa )



quinta-feira, 19 de junho de 2008

Festa de São João


Junho o mês de São João, Santo Antônio e São Pedro. Por isso, as festas que acontecem em todo o mês de junho são chamadas de "Festa Joanina", especialmente em homenagem a São João.
Existe uma lenda que diz que os fogos de artifício soltados no dia 24 são "para acordar São João". A tradição acrescenta que ele adormece no seu dia, pois, se ficasse acordado vendo as fogueiras que são acesas em sua homenagem, não resistiria e desceria a terra.
Boa festividade!!!!!!!!

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Dia dos namorados


Com este ato singelo desejamos a todos um
FELIZ DIA DOS NAMORADOS........